Julho Verde: Câncer de Cabeça e Pescoço é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados

Julho Verde: Câncer de Cabeça e Pescoço é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados
Julho Verde: Câncer de Cabeça e Pescoço é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados
Julho Verde: Câncer de Cabeça e Pescoço é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados
Julho Verde: Câncer de Cabeça e Pescoço é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados

Brasília, 6 de julho de 2017 – A Câmara dos Deputados realizou na manhã desta quinta-feira (6/7), no âmbito da Comissão de Seguridade Social e Família, uma audiência pública para discutir a prevenção do câncer de cabeça e pescoço. O mês de julho foi escolhido para realização da campanha sobre a doença já que no dia 27 é celebrado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço.

O tumor de cabeça e pescoço é um problema de saúde pública em muitas partes do mundo, com cerca de 500 mil novos casos diagnosticados a cada ano. No Brasil, não é diferente. Os de boca chegam a ser o 4º tipo de tumor mais frequente em algumas regiões do país.

Na audiência, o deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC), que acompanha a luta de pacientes deste câncer, destacou a importância de trazer para o ambiente legislativo esses temas que boa parte da sociedade ainda desconhece.

Durante o evento, a diretora de saúde do Hospital Amaral Carvalho, referência em câncer de cabeça e pescoço, Cristina Moro, destacou os dados gerados pelo atendimento no hospital. “Quase 44% dos homens que chegam ao Hospital já estão em estádio avançado do câncer, enquanto cerca de 46% das mulheres chega em estádio inicial”, disse Cristina, enfatizando que os números se devem a pouca procura dos homens por médicos. A diretora do Hospital destacou ainda que somente 28% dos pacientes consegue curar o câncer apenas com cirurgia. Cristina finalizou dizendo que a prevenção deve ser algo “que alguém comece e ninguém termine”.

O presidente da Sociedade Brasileira e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Fernando Walder, alertou que o diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço é responsáveis pelo maior índice de suicídios de pacientes oncológicos. Em sua fala, Fernando destacou a importância da descentralização do tratamento contra o câncer, hoje centralizado na região sudeste, especialmente em São Paulo. “Dentre os aproximadamente 700 cirurgiões especializados em câncer de cabeça e pescoço, 50% está em São Paulo”, disse. O presidente enfatizou ainda que 60% das laringes dos pacientes de câncer poderiam ser preservadas com um tipo de radioterapia localizada, a Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT), no entanto, atualmente esse tratamento é bastante restrito.

A catarinense, presidente da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG), Melissa Ribeiro contou aos participantes da audiência que se surpreendeu ao ficar muda depois de uma cirurgia para retirada de laringe em decorrência de câncer. Ex-fumante, 45 anos de idade, Melissa ficou completamente muda durante dois anos. O diagnóstico de Melissa aconteceu somente após um ano e meio de idas ao otorrinolaringologista, com queixas de dor. “Paguei por um exame de tomografia que o médico dizia não ser necessário. Ao receber o resultado, a indignação foi grande”, lembrou a presidente da ACBG. Agora, Melissa é voluntária na ACBG e luta para garantir que pleitos como a inclusão na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), da prótese de laringe e do aparelho, conhecido como “laringe eletrônica”, a fim de que essas pessoas possam se comunicar.

Em sua explanação, a representante do Ministério da Saúde (MS), Stella Lemke, fez um panorama sobre a Atenção Oncológica no SUS. Stella esclareceu que o câncer de cabeça e pescoço é aquele que acomete a cavidade oral, a faringe, a laringe, os seios paranasais e cavidade nasal, as glândulas salivares e a tireoide. Dentre os fatores de risco estão o tabagismo, o etilismo, a infecção por HPV e até mesmo a falta de cuidado com a higiene bucal. Sobre as demandas apresentadas pelos pacientes, a representante do MS informou que a prótese vocal está passando por avaliação do custo direto atual para realização do procedimento, para subsidiar decisão sobre eventual proposta de reajuste na tabela sus. Sobre a laringe eletrônica, Lemke informou que a proposta de incorporação foi encaminhada à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC).

Luciara Giacobe, fonoaudióloga, mestre em Distúrbios da Comunicação e coordenadora do grupo “Grandes Guerreiros do Oeste”, trabalha há 7 anos na reabilitação de pacientes com câncer de cabeça e de garganta, e, também participou da audiência pública. “Os pacientes com esse tipo de câncer precisam ser assistidos por uma equipe multidisciplinar. É o fonoaudiólogo que vai reabilitar esse paciente, inclusive para poder voltar a comer pela boca”. Luciara falou também sobre a importância de um contato prévio do paciente com o fonoaudiólogo para que fiquem claras as possíveis sequelas e como poderá ocorrer a recuperação.

O deputado Valdir Colatto enfatizou a importância dos debates e acrescentou que “não há nada mais valoroso do que a vida”. “Sendo a voz um dos meus instrumentos de trabalho, sabendo de seu valor, defender este tema aqui nesta Casa é minha obrigação”, finalizou o parlamentar.