Agricultura ontem, hoje e amanhã

Agricultura ontem, hoje e amanhã

Por: Valdir Colatto – deputado Federal
Engenheiro Agrônomo, Técnico Agrícola

O atual modelo agrícola predominante – baseado na produção de alimentos em larga escala – estabelece novos desafios para o agricultor, que tira da terra o seu sustento e quer se manter na propriedade e fazer sucessão familiar. A permanência no meio rural exige constantes esforços na busca de conhecimento e pela necessidade de investir.

De um lado, na agricultura de larga escala, totalmente mecanizada, temos a garantia da balança comercial com cerca de R$ 100 milhões de superávit. Do outro, na agricultura familiar, temos o desafio de diversificar e agregar valor, para gerar renda e manter o agricultor na propriedade.

A relação do homem com o campo mudou,  a terra passou a ser um negócio regido pelas lógicas instáveis de mercado que estabelecem grandes desafios. O produtor rural se depara com a necessidade de fazer frequentes investimentos, de se dedicar a técnica e pesquisa para produzir com qualidade e garantir a entrada  e permanência no mercado.

Hoje apenas 15% dos brasileiros estão no meio rural e estes são responsáveis por alimentar 85% da população, há 50 anos esta situação era inversa.  Esta relação aparentemente vantajosa pelos parâmetros de consumo não reflete com retorno lucrativo ao produtor, que produz, mas recebe uma das menores fatias do bolo e depende de vários fatores, entre eles as condições climáticas.

A agricultura do presente e futuro está conectada às novas tecnologias, empregadas em equipamentos, com novidades em infraestrutura, insumos, assistência técnica e pesquisa. O homem do campo também destina sua energia a produzir mais com mais qualidade, levando em consideração as exigências de sanidade e segurança alimentar. A preocupação com a preservação ambiental também está muito presente.

Entendo que os problemas da agricultura brasileira não estão prá dentro da porteira, mas prá fora dela. Nossos agricultores estão entre os melhores do mundo, sabem o que devem fazer, mas encontram dificuldade enorme com a inexistência de uma política agrícola, se deparam com o custo de produção altíssimo, burocracia enorme e logística ruim, todos estes fatores impedem competitividade no mercado interno e externo.

O agricultor precisa ter resultados, renda e se sentir valorizado.Para garantir a sucessão familiar precisamos avançar. Primeiro temos que garantir o direito da propriedade para ter incentivo e investir na atividade, fazendo a regularização ambiental. Já avançamos muito com o Novo Código Florestal, com a Lei 13.288 que trata dos contratos de integração entre produtores integrados e agroindústrias e com outras iniciativas que buscam regulamentar o espaço rural e trazer mais segurança.

Como técnico dentro da política estou trabalhando para tentar diminuir as dificuldades fora da porteira, na questão de impostos, logística, acesso às propriedades, questão ambiental e qualidade de vida.  Procuro fazer com que o homem do campo seja valorizado, defender a agricultura é minha grande convicção. Se o agricultor não planta a gente não almoça, nem janta!